Vou estar longe por uns dias, afastada do reboliço da cidade, afastada do meu pc! Não vou blogar durante estes dias, assim dou-vos tempo para comentar os posts que ainda não têm comentários, deixem de ser timidos e manifestem-se!!! Ela estava sozinha por vontade própria, a necessidade de independência e a incapacidade de ser controlada fizeram-na acabar a anterior relação e estava bem assim, sentia-se feliz! Não sentia falta de carinhos e palavras meigas pois sempre esteve rodeada de amigos que a tratavam como uma princesa, talvez com segundas, terceiras ou mesmo quartas intenções, mas isso não a preocupava, ela sabia sempre quando cortar e quando recuar!
Mas ali foi diferente, eles já se conheciam, já se tinham tocado anteriormente, mas naquela noite, aquele toque, simplesmente foi diferente... E ambos notaram isso! Foi como se tivesse dado choque com ligação directa a uma qualquer parte do corpo... A única vontade deles naquele instante era fugir de toda aquela multidão e refugiarem-se um no outro, e foi quando ela reparou naquele aro metálico que envolvia o anelar da mão direita dele, tentou recuar, mas, puxada por ele, deixou-se avançar... Afinal, não era ela que tinha que se preocupar!! Era ele... e ele não se mostrava preocupado!!! E fugiram...
Nessa noite ela não pensou sequer no que estava a fazer, era uma loucura saudável!! Na mente dela pairava a dúvida se estaria correcta ou não, nos braços dele esquecia essa dúvida, ele dava-lhe o que ela nem sequer procurava... Ela conseguiu aos poucos e naturalmente ocupar um lugar cada vez maior na vida dele, nada foi forçado, a vontade de se verem era mútua, as mensagens e os telefonemas foram aumentando de frequência! A ela aconteceu-lhe o inevitável, acabou por se envolver mais do que queria, a ele aconteceu-lhe o mesmo e agora persegue-o a dúvida do futuro, a vontade de querer dar continuidade à história, o medo de tomar uma decisão...
Miah
A infidelidade é daquelas coisas que eu não tolero, é de uma falta de respeito tremenda! Chamem-lhe fraqueza de corpo, dêem a desculpa do álcool, das drogas ou da falta de sexo! Nada a justifica!!! E nada a perdoa...
Nunca tinha pensado na outra perspectiva da infidelidade, o olhar de quem está na outra ponta... Nunca se deveria ter envolvido com ele/ela sabendo que tinha namorada(o)?! E se não soubesse?! E se soubesse mas o coração falasse mais alto?!
Quem está no centro sim tem culpas, quem está nas pontas por vezes limita-se a seguir um filme, onde só sabe aquilo que o/a guionista vai escrevendo!!
Para desanuviar um bocadito aqui o meu cantinho e porque a vida continua depois destes dias mais complicados de ultrapassar, aqui fica uma imagem que me chegou via e-mail...
Afinal, quantos são precisos para mudar uma lâmpada?!
Hoje lembrei-me dele... mais do que é costume, talvez porque hoje faria anos!
Lembrei-me de quando, depois da viagem, chegava perto dele e ele me dava aquele abraço...
Lembrei-me das férias que passei com ele...
Lembrei-me do quanto ele gostava dos animais dele, as abelhas, o cão...
Lembrei-me da voz a chamar por mim...
e senti saudades!!
Saudades... aquele sentimento estranho que nos preenche quando algum espaço em nós fica vazio! De repente esse espaço é ocupado por uma voz, um olhar, um toque... um aperto no coração! Um aperto que trago comigo mas que se transformou num pedaço de mim... Eu sei que aquele espaço está ali, sei que lhe pertencia, que ficou vazio e lhe voltou a pertencer...
Depois lembrei-me de como gostava de o ouvir falar, a política era uma das suas paixões, a leitura de romances outra...
Lembrei-me de quando ficámos os dois acordados até ás tantas da madrugada a ver o jogos olímpicos de Atlanta...
Lembrei-me do dia que me despedi dele, para toda a eternidade...
e rolou uma lágrima, e outra, e outra...
Sei que me ouve, sei porque o sinto ou sei porque o quero saber e o quero sentir, mas esta é a minha maneira de não o esquecer, imaginar que onde quer que esteja também me sente... e eu sinto, sinto a falta dele e sinto que faltou dizer muita coisa...
Lembrei-me que nunca lhe disse o quanto o Adoro e Admiro!!
Passaram 11 anos, 11 anos e parece-me que foi hoje!!!
Lembro-me de mim no meu quarto, não me lembro do que estava a fazer, as minhas recordações começam com o toque do telefone na sala... Um toque, na altura tão banal, mas que me iria mudar, me iria fazer crescer, um toque que me apresentou a mais dura realidade da vida: o final desta!!
Do outro lado do telefone ouvi uma voz tremida, uma voz que transbordava um misto de tristeza, angústia, raiva, revolta, um misto de sentimentos que eu não percebi que eram de perda, um sentimento que, com a inocência e alegria dos meus 10 anos, eu não conhecia!!
Tal como a minha avó me pediu passei o telefone à minha mãe e fiquei ali, sentada no chão, aliás como sempre fazia, à espera de saber o que se passava! Percebi, senti que era grave quando vi as lágrimas a rolarem pela cara da minha mãe e ela apenas a conseguir pronunciar uns, para mim, inconclusivos sim ... não ... vamos ...
Quando a minha mãe pousou o telefone fiquei, em silêncio, a olhar para ela, não disse o habitual conta!!! fiquei à espera... minutos depois saiu a frase que me fez gelar por dentro "o David morreu"!!!
Naquele instante eu percebi aquilo que tinha sentido na voz da minha avó! De repente senti-me invadida por um sentimento extremo de revolta... porquê?! porquê ele?! porque não o conseguiram salvar?! Ainda hoje sinto essa revolta!
O David tinha 2 anos e meio, uma energia que fazia pensar se seria hiperactivo, uma personalidade forte, uma rebeldia que fazia prever este destino! Ainda hoje não se consegue perceber como foi ele encontrar aquele frasco de 605 forte (um veneno utilizado na agricultura), a uma altura que ele não chegava e depois de abrir uma porta com uma tranca que ele não conseguia levantar, dúvidas que para sempre irão persistir na minha cabeça juntamente com aquele 'porquê ele'!!
Vivi, talvez até demais, toda a envolvente da morte do meu primo! Quis saber, como, porquê, onde, como estava, como ficou, quis ver, quis ir... e depois nada daquilo me saía da cabeça, as imagens, os sons agonizantes, as pessoas... e depois guardei tudo para mim!
Nunca dei a entender o quanto me custou perder este primo, escondi sempre os sonhos que tive, não queria que pensassem que aquilo me tinha transtornado! Escondi sempre a ansiedade que a partir daí o toque do telefone me provocava, o medo de voltar a perder alguém... Passado uns tempos comecei a habituar-me à ideia de ter perdido alguém, nunca esqueci, nunca se esquece, aquele sorriso, aqueles caracóis negros, aquele gosto por futebol, aquela rebeldia e vivacidade tipicas de uma criança com 2 aninhos! Quando me comecei a habituar à ideia senti que tudo aquilo de certa forma me tinha feito crescer um pouco, aquela realidade apresentada, aquele mundo que para mim pertencia só aos adultos, sim, porque com 10 anos não se pensa na morte de ninguém, muito menos uma criança de 2 anos!
A única certeza que temos na Vida é que um dia vamos Morrer, mas não à realidade mais dura que é ver partir alguém que faz parte de nós, da nossa Vida, aí morremos também um pouco...
in É Dificil, Pedro Abrunhosa
...é daqueles dias que não me apetece sair de casa, não me apetece ver nem ouvir ninguém! Apetece-me apenas ficar sossegada no meu cantinho, enrolada sobre mim mesma, talvez com uma caneca de café ao lado e qualquer coisa calma a tocar na aparelhagem. Mas não, lá tenho eu que ir para as aulas, talvez ajude...
