sexta-feira, março 03, 2006

Cinema - Capote

Em Novembro de 1959, Truman Capote (Philip Seymour Hoffman), o autor de "Breakfast at Tiffany's" lê um artigo do New York Times que descreve o homicídio de quatro membros de uma família proeminente de Holcomb no Kansas. Apesar de histórias semelhantes aparecem nos jornais quase todos os dias, algo captou a atenção de Capote. Ele acredita que apresenta uma oportunidade para testar a sua antiga teoria de que, nas mãos do escritor certo, a realidade pode ser tão apaixonante como a ficção.

Que impacto tiveram os homicídios na pequena cidade ventosa das planícies? Com isto como tema - para os seus objectivos não é importante saber se os criminosos são apanhados - ele convence a revista New Yorker a dar-lhe o caso e viaja para o Kansas. A acompanhá-lo vai Harper Lee (Catherine Keener). A sua voz fina de Capote, maneirismos e modo de vestir pouco convencional dão origem a hostilidade numa zona do país que ainda se vê como parte do Velho Oeste, mas aos poucos, Capote consegue ganhar a confiança dos locais, sobretudo a do agente Alvin Dewey (Chris Cooper) que lidera a investigação e a caça aos assassinos.

Apanhados em Las Vegas, os homicidas - Perry Smith (Clifton Collins Jr.) e Dick Hickock (Mark Pellegrino) - são devolvidos ao Estado do Kansas onde são julgados e condenados à morte. Capote visita-os na prisão. À medida que os vai conhecendo, descobre que aquilo que inicialmente tinha sido pensado como um artigo de revista cresceu e deu lugar a um livro, um livro que poderia tornar-se um dos mais importantes na literatura moderna.

O seu tema é agora tão profundo quanto os outros temas alguma vez abordados por um escritor Americano. Nada mais nada menos do que o choque entre duas Américas: o país seguro que os Clutter conheciam e o país desenraizado e amoral habitado pelos seus assassinos. Escondido por detrás de uma fachada frívola está um escritor ambicioso em crescimento. Mas, mesmo ele duvida poder alguma vez terminar o livro - o grande livro - que ele acredita ter-lhe sido entregue pelo destino.

"Por vezes, quando penso quão bom poderá ser" escreve a um amigo, "mal consigo respirar".

Aqui está um filme que merece ser visto! A interpretação de Hoffman está fantástica, a maneira como ele "veste" a pele de Capote, com dezenas de tiques, manias, jeitos, uma voz inicialmente irritante mas que depois nos habituamos, toda a caracterização está algo de fascinante! A sua ambivalência, a fragilidade que denota após um envolvimento emocional com um dos assassinos...

... um filme que vale a pena ser visto sem ter o receio de que seja mais um filme biográfico e maçador, não o é! É sim um filme que nos ajuda a perceber até onde pode ir um jornalista numa investigação, os efeitos que a envolvência num projecto (à partida simples) têm na sua vida pessoal!!!

Um pormenor interessante prende-se com o facto de que depois de “In Cold Blood" Truman Capote não terminou mais nenhum livro...

2 comentários:

Mirth disse...

Fantastico Post!!
Realmente o filme como marca histórica está muito bem feito, a interpretação é sem duvida de óscar, apesar de completamente irritante de inicio. As expressões, os tiques, a fala o próprio olhar são agarrados pelo actor de uma forma sublime.

Quanto ao filme, penso que tem um argumento interessante, pouco vulgar mas não foge muito aos dados histórios, o enredo é um pouco básico. Não é bem o meu estilo de filme, mas quem gosta de filmes com realização cuidada aconselho vivamente.

Para mim, o mais interessante no filme é mesmo o dar a conhecer de como um jornalista se envolve nos seus artigos, nas suas histórias..

Anónimo disse...

Bruninhaaaa! td?
;)

*__________* eu qdo vi apresentar o film, nem keria acreditar, pk eu li o livro....:)
"A Sangue Frio".... adorei... horrendo o crime, e fascinante a história talvez por isso mesmo...
s o filme corresponder a tal obra d génio, será 1 sucesso!

bjo***